CAIO
Era irônico como o silêncio podia gritar tão alto.
A casa estava cheia — de assessores, advogados, gente sorrindo para os flashes — e mesmo assim, ele se sentia sozinho como nunca. O nome Ventura ainda estampava manchetes, mas agora ao lado de palavras como rompimento, desconfiança, cancelamento.
E ele não sabia mais onde era o chão.
Na última semana, Caio perdera dois contratos milionários, a confiança do pai e, o mais doloroso, Luna.
Não havia gritos entre eles. Só a ausência. A ausência dela era uma presença dolorosa. O perfume que não estava mais no travesseiro. O café que não mais esperava na varanda. O riso que não mais ecoava nos corredores.
Ele encarava o bilhete ali, dobrado há dias.
Pequeno, discreto, mas pesando como chumbo sobre a lareira. Ao lado, o porta-retrato com uma foto dos dois — um instante de paz congelado no tempo. Ele não tinha coragem de erguer a imagem. Não ainda.
Mas hoje… hoje ele cedeu.
Com dedos trêmulos, desdobrou o bilhete. O papel tinha a caligraf