Luna passava os dedos lentamente pelas lombadas dos livros, mas sua mente estava a quilômetros dali — presa na expressão de Caio depois da visita de Marina. Não era só o incômodo que o dominava. Era algo mais. Um silêncio denso, carregado, como se as palavras não ditas fossem mais barulhentas do que qualquer verdade.
Horas haviam passado desde a visita. Eles jantaram juntos, em silêncio confortável, mas com pausas longas demais para um casal que, até ontem, ria sobre chá de gengibre e listas de compras.
Agora, estavam na varanda da suíte principal. Caio, na cadeira, observava o céu. Luna, sentada no chão ao lado dele, com a cabeça encostada em sua perna, buscava as estrelas como se ali encontrasse respostas.
— Ela sempre aparece assim? — Luna perguntou, finalmente.
— Marina é como tempestade fora de época — respondeu ele. — Você nunca sabe quando vai chegar, mas sabe que vai fazer estrago.
Luna não insistiu. Sabia que forçar seria inútil. Mas parte dela... doía. Não por ciúme, mas por