O fim de tarde tingia a biblioteca com uma luz âmbar, filtrada pelas cortinas pesadas. Luna estava sentada no chão, com as pernas cruzadas, cercada por livros abertos. Puxava volumes ao acaso, folheava trechos, rabiscava post-its que colava com cuidado. Era um dos cantos da casa que ela mais gostava de estar — ali, entre palavras antigas e histórias alheias, ela conseguia se encontrar e organizar os próprios pensamentos.
Caio a observava da poltrona próxima, o corpo inclinado levemente para frente, como se quisesse absorver aquele momento. Desde que Luna entrara em sua vida — primeiro com a força de uma tempestade, depois com a delicadeza de um sussurro — tudo parecia mais... possível.
— Você vai mesmo ler todos esses livros? — ele perguntou, com um sorriso meio descrente.
— Não agora. Mas gosto de saber o que tem aqui. — Ela ergueu um exemplar com a capa envelhecida. — Sabia que esse livro tem uma dedicatória para sua mãe?
Caio ergueu as sobrancelhas.
— Não fazia ideia.
— “Para Cecíl