Adrian e seu avô entram no carro e seguem para casa, mas assim que chegam, só o Leone desce. Ele olha para a bolsa da Mayla e fica indeciso se mexe ou não. Decide pegar no colo e olha pros lados, para ter certeza que não vai ser pego pelo avô.
— Vamos ver o que tem na bolsa da chatinha. — Ele abre e tira uma carteira, uma caixinha de lenço, alguns remédios e um frasquinho de perfume. Abre a tampa e sente o cheiro dela. Ele fecha os olhos e vê o rosto dela na mente. Por um instante, sorri só de lembrar. Mas logo abre os olhos, espantando essa imagem. Ele não pode pensar na mulher que matou a avó dele. Coloca tudo de volta na bolsa e j**a no banco de trás. Depois, desce do carro e entra em casa, indo direto pro quarto. No hospital, Mayla fica sentada na poltrona ao lado do Júlio, rezando baixinho para Deus não levar seu avôzinho. Ele é tudo que ela tem. Sem ele, ela nem sabe como vai ser sua vida. Como ele tá sedado, ela não consegue nem perguntar o que ele tá sentindo, e se arrepende de ter falado que o casamento estava cancelado. Tudo que ele mais quer é ver ela casada. Ela só não entende por que tem que ser logo com o Adrian. As horas vão passando e, pela manhã, ela se levanta para lavar o rosto. Não dormiu a noite toda, ficou esperando ele acordar. Mas assim que sai do banheiro, vê ele se mexendo e corre para perto dele. — Como o senhor está, meu velhinho? — Ele olha para ela e dá um sorriso fraco. — Acho que eu não aguento ouvir um "não" da sua boca. Me diz que você vai se casar, por favor, Mayla. — Eu vou, vou me casar com o Adrian. Ele aceitou e disse que vai ser do jeito que vocês quiserem. Mas por que logo ele, vô? — Só o tempo vai dizer. Podemos ir pra casa? — Ela se levanta e aperta o botão para chamar o médico, e em poucos minutos ele entra junto com o Adrian e o Leone. O médico examina o Júlio, vê que ele tá estável e dá alta, junto com uma receita pra Mayla comprar os remédios e a conta médica. — Sinto muito, a carência expirou tem um mês e... — Tudo bem, eu pago. Adrian, pode pegar minha bolsa no carro? Meu cartão de crédito tá lá dentro. Leone cutuca o Adrian com o cotovelo, e ele se pronuncia. — Deixa que eu pago a conta do hospital. Ajuda seu avô a ir até o carro. — Não precisa, meu cartão é para as despesas dele. Eu pago e... — Deixa ele pagar, menina. Adrian tem muito dinheiro. — Leone intervém, mas Mayla fica sem jeito de aceitar, já que é ela quem sempre paga tudo. — Ok, depois a gente resolve isso. — Ela ajuda o avô a se levantar e o coloca sentado na cadeira de rodas que o médico trouxe. Ela empurra até o estacionamento, onde esperam o Adrian. — Você não dormiu nada, né, Mayla? Hoje não vai para empresa nem para faculdade. Vai chegar em casa e descansar. — Adrian volta e abre o carro pra eles. — Vou ficar em casa cuidando do senhor. Vou ver o que faço com a empresa e vou trancar a faculdade por um tempo. — Adrian e Leone trocam olhares. — O senhor é mais importante para mim. Vai dar tudo certo. Adrian dirige até a casa da Mayla e ajuda o Júlio de um lado e ela do outro. Leva os dois até a sala de visitas e senta o avô no sofá. Mayla se retira e vai até a cozinha preparar algo para comerem, mas se sente meio tonta por causa da noite sem dormir. Leone pede pro Adrian ir ajudar a Mayla, já que ele tem bons dotes culinários. Assim que ele entra na cozinha, vê a Mayla com uma mão apoiada na bancada e a outra na cabeça. Ele se aproxima e fala: — Deixa que eu cozinho. Só me diz onde estão as coisas. — Você sabe cozinhar? — Ela pergunta, mesmo desacreditando que um cara como ele saiba fazer isso. — Eu tenho muitas qualidades, senhorita. Além de comandar uma empresa de tecnologia, eu tenho alguns restaurantes. E sim, eu fiz faculdade de gastronomia, então não vou matar ninguém envenenado. — Tô fazendo faculdade de administração por causa da empresa dos meus pais, mas também quero fazer gastronomia. Gosto muito de cozinhar. — Que bom, então senta e aprende com o mestre. — Ela revira os olhos, se senta na banqueta e fica observando ele cozinhar, ainda desconfiada se ele realmente sabe o que tá fazendo. — Por que tá com essa cara? Acha que eu não tô fazendo certo? — Acho que não. Você tá misturando condimentos que não têm nada a ver um com o outro. — Vamos julgar depois que tudo estiver pronto, pode ser? Vamos fazer uma aposta: se ficar bom, você me deve uma. Se ficar ruim, eu te devo uma. Fechado? — Mayla concorda com a cabeça, já certa de que vai ganhar essa aposta. Cerca de uma hora depois, a comida já tá toda pronta. Eles começam a colocar tudo na mesa, e só o cheiro já deixa a Mayla com água na boca. Agora, ela já não tem tanta certeza de que vai vencer. Ela vai até a sala, chama o Leone e o avô pra comerem. Eles se sentam no mesmo lugar da outra vez, mas Mayla e Adrian, se sentam lado a lado. Eles começam a se servir, e Mayla fica por último. Quando ela coloca a comida no prato, pensa se deve mesmo comer ou não. — Hum, que comida gostosa que você fez hoje, Mayla. — Júlio elogia, sem nem imaginar que foi o Adrian quem cozinhou. — Experimenta, Mayla. Só depois que você comer é que vamos saber quem ganhou a aposta, ou está com medo de perder? Só digo uma coisa, não vale mentir, ok?