Capítulo 6

Mayla coloca a primeira colher na boca e não dá pra negar: tá uma delícia. Mas ela não quer ficar devendo nada para ele, então pega um copo d’água e bebe um gole.

— Tá com muita pimenta — diz, colocando o copo de volta na mesa e limpando a boca com o guardanapo.

— Será que eu botei mais pimenta no seu prato do que no dos outros? Isso seria engraçado, né?

— De você eu não duvido nada — ela responde, enquanto Adrian se encosta na cadeira e fica a encarando, já sabendo que ela tá mentindo. — Vou comer assim mesmo, tô com fome.

— Ah, claro! — ele solta um sorriso sarcástico, vendo ela se acabar no prato que ele preparou. Ela come tudo até raspar o fundo e só depois percebe que talvez tenha exagerado. Olha para ele e vê aquele sorrisinho malicioso ainda ali.

Depois do jantar, os dois vão até o quarto do Júlio. Mayla ajeita direitinho as máquinas, coloca a máscara de oxigênio no rosto do avô, vai até a cozinha, pega uma garrafa de água e um copo, separa os remédios e dá pra ele.

Adrian observa tudo, impressionado com o tanto que ela se dedica ao senhor Júlio. Começa a olhar para ela de um jeito diferente. Quando o avô finalmente dorme, todos voltam pra sala e Mayla se senta no sofá.

— Menina, temos uma coisa pra te contar. Eu e o Adrian decidimos pagar uma enfermeira pra cuidar do Júlio. Você não precisa trancar a faculdade nem sair da empresa.

— Eu agradeço, senhor Leone, de verdade. Mas eu vou fazer isso pelo meu avô. Fiquei pensando e decidi que vou vender a empresa. Era a única coisa que eu ainda tinha dos meus pais, mas eu não dou mais conta. E meu velhinho precisa mais de mim do que ela.

— Posso te ajudar com a empresa — Adrian diz, chamando a atenção dos dois. — Conheço um bom gestor financeiro, posso investir e tirar a empresa da falência. A gente vai casar mesmo, então não vai fazer diferença.

— Melhor você comprar logo, porque a gente não vai ficar casado para sempre... — ela fala sem pensar, depois olha pro senhor Leone e se arrepende. — Quer dizer… não sei se vamos ficar, né?

— Mesmo assim, posso ajudar. Não pelo seu pai, porque ele não merece, e nem por você. Vou fazer isso pelo senhor Júlio, pela amizade dele com o meu avô.

Ela puxa o ar fundo e solta rápido, claramente irritada com o que ouviu. Desvia o olhar, conta até dez mentalmente para não soltar o que está entalado. Adrian percebe e se diverte com a forma como ela tenta se controlar, mas sabe que ela está morrendo de vontade de xingar ele.

— Então é isso — diz o senhor Leone, encerrando o assunto. — Amanhã, Adrian vai com o gestor na sua empresa. Você mostra os balancetes e vejam o que dá pra fazer. De manhã, uma enfermeira vai vir aqui para te dar apoio. Não tranque a faculdade, continue até terminar. Mas amanhã vocês também vão resolver as coisas do casamento. Contratei uma cerimonialista para ajudar. Tudo tem que estar pronto em um dia, pois vocês se casam depois de Amanhã.

Os dois suspiram pesados ao mesmo tempo, derrotados por não terem escolha. Um nunca teria escolhido o outro. Mayla nunca imaginou que um dia se casaria com Adrian. E ele muito menos com ela.

Se levantam, se despedem e vão embora.

Mayla ainda passa na cozinha, lava a louça e sobe pro quarto. Faz sua higiene noturna, depois vai até o quarto do avô. Se ajeita na poltrona com uma coberta e acaba dormindo ali mesmo.

Na manhã seguinte, Mayla e Adrian acordam quase no mesmo horário. Cada um faz sua higiene matinal. Adrian liga pro gestor, depois liga pra Mayla pra combinarem o encontro na empresa dela. A enfermeira contratada por Leone chega bem na hora em que Mayla tomava café da manhã.

Mayla deixou tudo anotado direitinho: os remédios do avô, os horários certinhos, o que ele pode ou não comer. Também deixou o número do celular dela em destaque, caso aconteça alguma emergência. Fez tudo com o máximo de cuidado antes de sair. Deu um beijo carinhoso no senhor Júlio e saiu de casa com o coração apertado.

Entrou no carro e foi direto para empresa. Chegou antes do horário e ficou esperando Adrian. Poucos minutos depois ele aparece, pelo menos para negócio, ele é pontual.

— Bom dia, senhorita Reynard. Sou o seu novo gestor — diz o homem estendendo a mão pra ela.

Mayla sorri e responde o cumprimento, apertando a mão dele. Mas isso incomoda Adrian, principalmente porque eles demoraram um pouco demais nesse aperto de mãos.

— Bom dia, futura esposa — ele soltou em um tom mais alto, fazendo os dois soltarem as mãos na hora. — Vamos entrar ou vão trabalhar aqui fora mesmo?

Mayla revirou os olhos e seguiu os dois para dentro do prédio. Pegaram o elevador e subiram até a área do financeiro. Adrian fica incomodado com a bagunça: funcionários andando de um lado pro outro, algumas mesas vazias, papelada acumulada, tudo que uma empresa falida tem.

Na sala do financeiro, Mayla apresenta a equipe. O gestor avisa que ficaria ali para analisar as contas e entender direitinho a situação da empresa.

— Ótimo — comentou Adrian, cruzando os braços. — Agora me mostra a sua empresa, Mayla, porque até agora, sinceramente, não vi nada de bom.

— Do que exatamente você não gostou? — ela rebate, sem acreditar no que tinha ouvido, olhando para ele como se quisesse fulminar com os olhos.

— No fim do tour eu te dou minha avaliação. Vamos?

Mayla apenas assentiu, e os dois entraram no elevador. Mas assim que o elevador sobe um andar e meio… ele para. E tudo apaga.

— Ah, não! Que droga! — ela resmunga, apertando os botões, tentando fazer tudo voltar ao normal.

— Nossa, a situação tá tão crítica assim que nem a conta de luz você conseguiu pagar? — ele provoca, com um sorriso debochado.

Isso foi o estopim. Mayla parte pra cima dele, empurrando Adrian com força contra a parede de metal do elevador.

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