Elena Moreau

A semana tinha passado com uma tranquilidade quase surreal. Pela primeira vez, parecia que tudo estava nos eixos. Não havia mais ligações dos meus pais tentando controlar minha vida, nem bilhetes maldosos dos pais de Leon. Eles tinham ido, como se o destino decidisse nos dar uma trégua definitiva.

O trabalho fluía bem. As noites com Leonhart eram repletas de carinho, cumplicidade e leveza. A empresa prosperava, a família estava bem e eu me sentia em paz. Mas aquela paz carregava uma tensão silenciosa, como o céu prestes a desabar mesmo sem nuvens.

Numa tarde chuvosa, enquanto organizava meus papéis no escritório de casa, a campainha tocou. Clóvis apareceu com um envelope lacrado, sem remetente. Ele parecia diferente, contido demais. Estava pálido, com as sobrancelhas franzidas.

— Isso chegou na portaria. Endereçado a você — disse, estendendo o envelope. — Mas acho que... você não vai gostar do conteúdo.

Peguei o envelope devagar. Era pesado, antigo, como se tivesse sido g