Elena Moreau
Respirei fundo ao descer do carro. O ar daquela cidade tinha o mesmo cheiro de sempre — uma mistura de fumaça, café barato das padarias da esquina e lembranças que insistiam em se infiltrar nos meus pulmões. Estranho. Eu jurava que nunca mais pisaria aqui. E, no entanto, lá estava eu, de salto firme no asfalto que tantas vezes me viu caminhar de cabeça baixa.
Não voltei por saudade — e sim por necessidade. Leonhart tinha uma reunião importante com alguns investidores locais e, como parte do time executivo da empresa agora, eu o acompanhava. Um dever. Uma formalidade. Nada além disso.
Mesmo assim, meu coração batia diferente.
Fazia meses que não pisava ali. As ruas pareciam menores, como se encolhidas pelo tempo. As pessoas, mais apagadas. Talvez fossem as mesmas de antes. Talvez fosse eu a diferente. Porque agora, depois de tudo o que vivi, eu me sentia maior. Mais forte. Mais eu.
O reflexo do espelho do elevador me devolveu um olhar que não reconhecia anos atrás. Ombros