Leonhart Moreau
Havia algo no ar daquela manhã que me fazia acreditar que estávamos finalmente livres.
O céu tinha uma cor diferente. Azul de um tom quase caribenho, ainda que estivéssemos em solo europeu, em algum lugar entre a fronteira da França com a Itália. As montanhas ao longe eram cobertas de verde vibrante e as estradas serpenteavam como se estivessem nos guiando diretamente para o futuro que estávamos decididos a construir. Eu estava no volante, Clóvis no banco do passageiro, e no banco de trás, Diego deitado com a cabeça no colo de Elena. O rosto dela iluminava o carro inteiro com aquele sorriso gentil e tranquilo que parecia dizer: “Está tudo bem agora.”
Não olhei para trás. Não por medo, mas por escolha. A vida que deixamos em Paris — a mansão, o legado podre do nome Moreau, os fantasmas, as ameaças, o sangue — não nos pertencia mais. O que começávamos ali era nosso. Somente nosso.
— Onde é que você vai nos levar agora, Leon? — perguntou Clóvis, finalmente relaxado, com o