– Quando Lembrar se Torna Veneno
GENEBRA – CÉU CINZENTO – 06h04
Chovia. Mas ninguém corria.
Na nova era, as pessoas aprendiam a deixar que as coisas caíssem. Como as lembranças. Como o arrependimento. Como a água.
Leonardo II caminhava entre os prédios da zona emocional 5. Eram bairros habitados por sobreviventes da era Leonoriana e por outros… que haviam simplesmente escolhido sentir demais.
Um dos homens parados sob a marquise repetia uma frase em voz baixa:
— Eu lembro dela… eu lembro dela… eu lembro dela…
Leonardo olhou para ele. Não por pena, mas por espelho.
— Às vezes lembrar é a única coisa que nos resta — disse ele.
O homem sorriu. Mas chorava.
—
CENTRO DE MONITORAMENTO CEREBRAL – 07h10
O que antes era uma base de defesa agora era um santuário científico.
Mikhail observava os gráficos em silêncio. As taxas de sobrecarga emocional haviam subido 40% nas últimas semanas.
— Eles não querem esquecer. Mas não sabem como conviver com o que sentem.
— E isso os destrói?