– O Homem Que Não Sentia)
GENEBRA – CASA DE ESCUTA – 06h17
Riel chegou antes do sol. A sala ainda cheirava a madeira úmida e papel antigo. Ele acendia a vela do centro quando ouviu os passos.
Não eram hesitantes.
Eram calculados.
Entrou um homem alto, de rosto limpo, olhos cinzentos.
— Você é o que escuta? — perguntou.
Riel assentiu.
— E você é o que nunca falou?
O homem não sorriu.
Apenas sentou.
—
FLASHBACK – RAVENA, CADERNO DE ESTUDOS
> “Alguns seres não foram educados para o sentir.
Foram adestrados para sobreviver.
Ensinar-lhes emoção não exige fala…
exige presença que não desiste.”
—
GENEBRA – SALA VAZIA – 06h41
— Qual seu nome? — perguntou Riel.
— Não uso. Só me chamavam quando era necessário.
— Posso te chamar de algo?
O homem refletiu.
— Chame-me de Som.
— Porque, pelo que dizem, é o que falta em mim.
—
PRIMEIRO DIA – OBSERVAÇÃO
Riel não perguntou. Não instruiu.
Apenas deixou Som estar.
Ofereceu chá. Uma manta. Um espaço ao lado.
Nada foi dito.
E mesmo assim…
quando Som saiu