– O Despertar da Dúvida
GENEBRA – BASE SUL DA V.O.C.E. – 04h17
A sirene não soava há mais de dois anos. Mas naquela madrugada, ela ecoou. Um som curto. Preciso. Não de emergência, mas de chamado interno.
Leonardo II foi o primeiro a chegar. Descalço, com o caderno ainda na mão.
Mikhail já aguardava na sala de comando.
— Encontraram um símbolo novo em cinco zonas distintas — disse ele, projetando a imagem na parede.
Era simples, rudimentar: um coração partido ao meio, pingando uma gota de gelo.
— Não é poético — continuou Mikhail. — É provocação.
Leonardo reconheceu a mensagem silenciosa.
Sentir é fraqueza.
—
ROMA – GRUPO AUTÔNOMO “FERRUM” – 05h03
A célula era jovem. Líderes entre 16 e 22 anos. Sem vínculos com cultos passados, nem com impérios extintos. Eram filhos da paz — e não confiavam nela.
Na tela, um dos discursos vazados do grupo:
— Nossos pais choraram. Sentiram. Lembraram.
Mas não impediram nada.
Não mudaram nada.
Nós não vamos sentir.
Vamos agir.
—
GENEBRA – ARQUIVO DE RAVE