Matheo Montclair
Segunda-feira, 19 de setembro de 2022 — Tarde
Saímos do prédio lado a lado em silêncio.
Não era o silêncio desconfortável da noite anterior, nem o silêncio afiado da manhã no ateliê. Era outro tipo. Um silêncio que respirava, que deixava espaço, que parecia permitir que cada um encontrasse o próprio eixo depois do que tinha acontecido entre nós.
Isabela caminhava um pouco à frente, guiando o caminho com passos leves. O vento balançava o cabelo solto dela, fazendo algumas mechas roçarem as costas expostas pelo vestido azul claro. Ele era simples, fluido, e ainda assim deixava difícil desviar o olhar.
O som das ruas de Paris — carros, vozes, passos — parecia distante, abafado. A única coisa realmente nítida era ela.
De vez em quando, Isabela olhava discretamente por cima do ombro para verificar se eu estava acompanhando bem a calçada irregular. Era sutil, quase imperceptível, mas eu vi. Eu sempre via.
E aquela preocupação quieta me atingia de um jeito estranho. Bom