Isabela Andrade
Domingo, 18 de setembro de 2022 — Madrugada
O beijo ainda queimava na minha boca quando o ar voltou aos meus pulmões — e isso me assustou mais do que deveria.
Eu me afastei tão rápido quanto minhas pernas permitiram.
— Eu… eu preciso… — tentei dizer, mas a voz saiu falha.
Levantei-me imediatamente da cadeira, quase tropeçando na pressa, a respiração curta, o coração em disparada. Matheo deu um passo na minha direção, as sobrancelhas franzidas, como se tentasse entender o que havia feito de tão errado.
— Isabela, calma — ele disse, a voz firme, baixa. — O que foi? Por que está assim?
Meu peito apertou. A confusão, o medo, o desejo — tudo misturado de um jeito impossível de separar.
— Me desculpe. — As palavras saíram rápidas demais. — Pelo beijo.
Ele deu um passo para trás como se eu tivesse o empurrado.
— Pelo beijo? — repetiu, incrédulo. — Desculpar pelo quê?
Eu respirei fundo, tentando trazer um mínimo de ordem ao caos dentro de mim.
— O beijo aconteceu por acidente.