Mundo de ficçãoIniciar sessãoSofia foi rejeitada antes mesmo de nascer. Agora, aos 24 anos, retorna para destruir a família que arruinou sua mãe — e reclamar sua parte na herança. Mas seu plano de vingança desmorona quando se apaixona por seu sedutor e perigoso inimigo : Mikail Oslov, o sobrinho querido por seu pai … e seu primo. Entre amor e ódio, só um pode sair vencedor.
Ler maisEnquanto aguardava naquela sala fria a leitura do testamento do seu recentemente descoberto pai, a bela e jovem Sofia não via a hora daquilo tudo acabar. Não suportava a ideia de estar na mesma sala com pessoas que sempre trataram tão mal sua mãe, segundo ela mesma lhe relatou.
Quando Alfredo Oslov descobriu que ela estava esperando um filho dele, depois de abusar dela, sua mãe teve que fugir para que ele não mandasse dar um sumiço nela, mesmo grávida do filho dele. Sofia odiava o homem que era seu progenitor, porque graças a ele sua mãe passou por todo tipo de humilhação e privação, tendo que se prostituir para conseguir se manter. Depois que teve Sofia, ninguém quis dar emprego a uma mãe com um bebê. Só por isso ela estava ali, como uma forma de justiça , pela sua mãe.Só por isso estava ali no meio daquela família podre, esperando a leitura do testamento. Segundo o advogado do monstro do seu pai, ele teve uma crise de consciência quando estava muito doente e resolveu incluí-la em seu testamento. Sofia era muito diferente de todos ali. A maioria tinha pele clara e olhos azuis, descendentes de russos que fizeram fortuna no Brasil, construindo um verdadeiro império em extrações de joias e lapidação de pedras preciosas em Minas Gerais. Ao contrário deles, ela era morena, com olhos amendoados como os da mãe. A única coisa que herdou do pai foram os cabelos lisos, mas ao contrário dos deles, que eram loiros, os dela eram castanhos escuros. Sua mãe não quis lhe acompanhar na leitura do testamento na mansão dos Oslov, e até disse que, por ela, Sofia abriria mão de tudo. Mas Sofia não achou justo. Seja lá o que o miserável do seu pai deixou para ela, queria receber. Ainda mais que precisava do dinheiro para comprar os remédios caríssimos que sua mãe precisava, depois da cirurgia de ponte de safena. Era como uma indenização por tudo que ela passou naquela família, apesar de que nada pagaria o fato dele ter abusado dela. Assim que Mikail Oslov entrou acompanhado da noiva, uma mulher ruiva, esbelta e elegante, mas que parecia ser tão esnobe quanto ele e sua família — pelo menos era o que ela ouviu falar de todos os Oslov — os olhos dele encontraram os dela. Ela pareceu hipnotizada por aqueles incríveis olhos azuis. Demorou alguns segundos até conseguir desviar o olhar. Então, percebeu um sorrisinho de deboche nos lábios dele, como se dissesse: "É isso que eu provoco em todas as mulheres com minha beleza e presença imponente." Mikail era o sobrinho preferido do velho Alfredo Oslov, que o criou como um filho, já que a falecida esposa dele era estéril e nunca pôde lhe dar filhos. Quando Mikail tomou seu lugar ao lado da mãe, Ludmila Oslov — que, segundo sua mãe, adorava humilhar — e da irmã dele, Tatiana — que desde nova também fazia questão de pisar nela —, elas logo cochicharam algo olhando para Sofia. Ela já imaginava que não era nada bom, mas mesmo assim não abaixou a cabeça. Manteve-se ereta, com o queixo erguido, o olhar firme e desafiador. — Bem, agora que estão todos presentes, vou dar andamento à leitura do testamento — disse o advogado, ajeitando os óculos. — Eu, Alfredo Oslov, em pleno juízo das minhas faculdades mentais, deixo metade de tudo que tenho para minha filha Sofia Santos, e que o nome Oslov seja incluído em sua certidão, pois não há dúvidas de que ela é minha filha. O silêncio durou apenas segundos antes de Ludmila e Tatiana explodirem em protestos, indignadas. — Por favor, mamãe, Tatiana — disse Mikail, com voz controlada —, deixem que o advogado termine. Certamente o exame de DNA terá que ser feito para comprovar a paternidade. — Quando seu tio encontrou a senhorita Sofia, ele deu um jeito de conseguir material necessário para o DNA. Tenho aqui uma cópia. Podem comprovar que a senhorita Sofia é mesmo filha dele — disse o advogado, entregando o exame a Mikail. Mikail olhou para o documento com descrença, os olhos azuis fixos nas letras como se pudessem saltar da página. — Exames podem ser falsificados — disse ele, de maneira firme e cortante. — Mas, infelizmente para vocês, esse não é. Sou realmente filha do monstro do seu tio — rebateu Sofia, encarando-o com altivez. Ele ergueu uma sobrancelha, o olhar se estreitando sobre ela, analisando cada detalhe do seu rosto, dos seus traços, dos cabelos que caíam sobre os ombros com perfeição, tão escuros como a noite , emoldurando seu belo rosto. — Se acha que meu tio é um monstro, por que veio até aqui de olho na herança que ele deixou? — Porque, se ele era meu pai, eu tenho direito a tudo que deixou para mim. É o mínimo, diante de tudo que ele causou à minha mãe. Embora seja muito pouco para pagar o abuso que ela sofreu nas mãos dele. — O quê? Abuso? — exclamou Ludmila, indignada. — Meu irmão me disse que foi sua mãe que praticamente implorou para que ele a levasse para a cama! Aquela sem vergonha vivia se oferecendo, mesmo sabendo que ele era um homem casado! — Se ofender novamente a minha mãe, eu vou quebrar essa sua cara, sua vaca! — esbravejou Sofia, levantando-se com fúria. — Se ousar levantar um dedo para minha mãe, eu vou esquecer que é mulher e vou te dar uma lição que jamais vai esquecer! — rebateu Mikail, se pondo de pé, o corpo musculoso imponente diante dela. — Só quero ver você tentar, playboy — disparou Sofia, sem recuar um centímetro, sentindo o sangue ferver nas veias. Os dois se encararam por um instante longo e carregado. As palavras hostis ainda pairavam no ar, mas por trás delas, algo mais intenso surgia. Uma tensão elétrica, quase palpável, que incendiava o ambiente. Mikail notou o contorno cheio de curvas do corpo de Sofia, os lábios carnudos, os olhos que pareciam desafiá-lo e seduzi-lo ao mesmo tempo.. Já ela, mesmo tomada pela raiva, não pôde deixar de reparar no físico impecável dele, no corte de cabelo rente que deixava ainda mais evidente suas belas e duras feições ,na barba por fazer, no cheiro másculo que invadia o espaço entre eles. — Senhores! — interveio o advogado, impaciente. — Se não se acalmarem, vou deixar a leitura do testamento para outra ocasião.— Desejo físico ,carnal ... — murmurou, olhando o copo de uísque em suas mãos. — É isso que sinto... sim... apenas isso e para acabar com isso eu preciso possuir Sofia até esgotar todas as minhas forças , até extermina -la de uma vez da minha mente e da minha vida. Com esse pensamento ele deu mais gole em seu uísque e voltou para o jantar , torcendo para que sua mãe fizesse logo o discurso que antes era feito pelo seu tio e aquele jantar chegasse ao fim logo de uma vez. Sofia tentou de tudo para conseguir dormir, mas o sono não veio. Então, levantou-se e foi até a sacada do quarto ver se o jantar havia chegado ao fim, o que era provável — já que tudo estava em absoluto silêncio. E estava certa. Quando voltou para o quarto, deu um gritinho de susto ao encontrar Mikail deitado em sua cama, recostado na cabeceira, todo desalinhado. Era óbvio, pelo seu estado, que estava bêbado. Ele segurava uma de suas calcinhas minúsculas na mão grande e a levava ao nariz com um olhar faminto
Mikail cerrou os dentes. O que ele não sabia era que tudo aquilo — o sorriso, a dança, a provocação — era parte de uma encenação de Sofia. Ela queria feri-lo como ele a ferira. Desde que descobrira que Mikail se aproximara apenas para tirar dela o que herdara do pai, ela jurara jamais permitiria que um Oslov a destruísse como eles quase fizerem com a sua mãe , se não fosse ela ser forte o bastante para se reerguer. A música terminou. O toque insistente do celular na pequena necessaire lhe deu o pretexto perfeito para escapar. — Com licença — murmurou, afastando-se. O filho do senador não gostou nada de ser dispensado tão rápido por ela , mas não disse nada apenas voltou para perto do pai. Atendeu já em um canto afastado de todos no jardim. Era Davi. — Sofia, me perdoe... não pude ir. O meu companheiro está com um resfriado terrível . Precisei ficar para cuidar dele, espero que não fique chateada comigo e eu só liguei agora porque fiquei sem bateria quando o acompanhei at
Mikail respirou fundo, tentando conter a raiva e a devoção com o comportamento racista da mãe, que ele achava inadmissível. — Pois tenha certeza de que vai passar por mentirosa e eu ficarei muito feliz com isso.— disse entre os dentes. — Porque, conhecendo a Sofia como eu conheço, ela vai fazer questão de deixar claro quem é. E mais uma coisa, mãe… — ele a fitou com dureza. — Já lhe disse que racismo é crime. Sem esperar resposta, virou-se e se afastou, o coração batendo forte. Do jardim, o som das risadas chegou até ele. Mikail parou à distância, observando. Sofia estava sentada à mesa do senador Olavo, sorrindo, elegante, segura. Ao lado dela, o filho do senador, um jovem engomadinho , de terno impecável , uma cópia mais jovem do pai, parecia disputar com o próprio pai quem conseguiria chamar mais a atenção de Sofia. Com certeza o senador viúvo , uma raposa velha não deixaria de jeito algum que o filho chamasse mais a atenção que ele , ja o filho não admitia que o pa
Quando passou pela mesa dele, ergueu o queixo, elegante e serena, sem sequer desviar os olhos. O perfume dela ficou no ar, e Mikail prendeu a respiração por um instante. Assim que ela cruzou a porta, ele soltou o ar com força, os punhos cerrados sobre a mesa. Irina o olhou, confusa. — O que foi agora? — Nada — respondeu, mas a voz saiu rouca, quase um rosnado. — Absolutamente nada. Mas o fogo nos olhos dele dizia o contrário. Sofia podia ter ido embora, mas Mikail continuava ali, imóvel, encarando a porta por onde ela saíra. O ciúme queimava, a raiva fervia, e o desejo que tentava sufocar crescia, indomável. Ela o estava enlouquecendo — e, no fundo, sabia disso. Ela entrou no salão com passos decididos, como quem sabe o efeito que causaria. O ar parecia se curvar ao redor dela. Conversas se calaram por um instante, olhares desviaram, e todos os homens — dos mais jovens aos mais velhos — não conseguiam esconder a admiração. Era inevitável: Sofia estava deslumbrante, e iss
Mikail acabava de entrar. Usava uma camisa preta perfeitamente ajustada, as mangas dobradas até os antebraços, o paletó pendendo no braço. O olhar dele percorreu o salão até encontrá-la — e, no instante em que seus olhos se cruzaram, Sofia sentiu o chão estremecer. Ao lado dele, vinha Irina, impecável, usando um vestido branco colado ao corpo e um sorriso presunçoso. A mulher caminhava com ar de triunfo, claramente satisfeita por estar ali com ele — como se quisesse deixar bem claro que era ela quem estava ao lado do poderoso Mikail Oslov. Sofia desviou o olhar e respirou fundo, esforçando-se para parecer indiferente. —Eu já esperava que viesse almoçar aqui com aquela sua noiva insuperável e quer saber ? vou fazer de conta que eles não estão aqui ,se não com certeza vou perder o apetite. — Ele não tira os olhos de você — sussurrou Davi, desconfortável. E era verdade. Mikail não olhava para mais nada. Nem para o garçom que o conduzia à mesa, nem para Irina, que falava animada
Sofia respeito fundo antes de responder. — Veremos — respondeu ela, sem recuar. — E tem mais: eu vou readmitir o Davi. E se me der vontade, eu transo com ele na minha sala ou em qualquer lugar desta empresa. Porque ela é tão minha quanto é sua, Mikail. E só pra te provar do que sou capaz, sou capaz de fazer isso aqui, na sua sala, se tiver vontade. A provocação caiu como gasolina em fogo aberto. Mikail ficou imóvel por um segundo, tentando conter o impulso que lhe subia pelo corpo. A mandíbula travada, o peito arfando, o olhar incendiado. Então, num rompante, ele ergueu a mão, furioso, como se fosse lhe dar um tapa. Sofia não recuou. O desafio ardia em seus olhos. — Está esperando o quê? — sussurrou, firme. — Me bata se for homem ? Ele ficou parado, tremendo de raiva. E, de repente, o ódio se dissolveu em algo mais forte, mais perigoso. Ao invés de acertá-la, Mikail a puxou com violência para seus braços. O beijo veio como uma punição. Um choque de raiva, desejo e orgulho
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