Isabela Andrade
Sábado, 17 de setembro de 2022 — Noite
Eu não sabia qual era pior: o frio da noite parisiense ou o frio no meu estômago. As luzes refletiam nos vidros fumê da limusine enquanto o carro avançava pelas ruas, elegante demais para combinar com o tumulto dentro de mim. Rebeca ajeitava o vestido com discrição, tão impecável que parecia ter nascido para caber em ambientes como aquele. Eu tentava controlar minha respiração. E Matheo… estava ao meu lado, no silêncio que sempre me desmontava, com o paletó escuro perfeitamente alinhado e aquela presença serena que parecia colocar o mundo no lugar — ou tirá-lo completamente.
Mas nada disso se comparava ao caos que Louis provocava no banco ao lado, reclinado como se fosse dono da cidade.
— Vocês dois estão muito sérios — comentou, virando-se com um sorriso preguiçoso. — Não estamos indo para um funeral.
— Ainda — murmurou Matheo, sem olhar para ele.
Tive que abafar uma risada.
— Relaxem — Louis continuou, abrindo os braços como se