Era um fim de tarde dourado, daqueles em que o tempo parece respirar devagar. A casa estava silenciosa, exceto pelo som suave de folhas sendo varridas pelo vento lá fora. Evelyn, descalça, caminhava pelo corredor com uma caneca de chá entre as mãos. Ainda sentia o corpo aquecido pelas palavras que escrevera naquela manhã — talvez um dos trechos mais vulneráveis do livro até agora.
Lucas estava na varanda dos fundos, encostado no batente da porta, olhando o horizonte como quem conversa com o tempo. Quando ela se aproximou, ele estendeu a mão sem olhar para trás, e Evelyn a segurou com naturalidade. Era uma dessas cenas que não precisavam de roteiro.
— Estava pensando em você — ele disse, puxando-a suavemente para o lado dele.
— Que sorte a minha — ela sorriu, encostando o ombro no peito dele.
— E se... a gente fosse embora por uns dias? Só nós dois. Sem prazos, sem escrita, sem trabalho. Só pra respirar.
Ela ergueu os olhos.
— Fugir?
— Respirar. Às vezes, dá no mesmo.
Evelyn sorriu, co