Naquela noite, Evelyn fechou o caderno com um suspiro longo e satisfeito. A mesa da sala ainda estava bagunçada com papéis soltos, anotações, canecas meio vazias de café e o laptop aberto, com a tela iluminando o ambiente em um tom suave.
Lucas, sentado no sofá com um livro no colo, a observava em silêncio há alguns minutos. Havia aprendido a reconhecer quando Evelyn mergulhava em sua escrita — e também quando voltava à superfície. Era quase como vê-la renascer, em pequenos ciclos, a cada dia.
— Terminei um capítulo importante — ela disse, como quem divide uma vitória íntima.
— Posso perguntar do que se trata ou é segredo de escritora? — ele respondeu com um sorriso suave.
— Não é segredo. Foi o capítulo em que ela escolhe viver — Evelyn explicou, tirando os óculos e apoiando-os sobre a mesa. — Não por ausência da dor, mas apesar dela. E, talvez, por causa dela.
Lucas deixou o livro de lado e se aproximou, sentando-se ao lado dela. Pegou suas mãos entre as dele, com calma.
— Parece vo