Evelyn acordou cedo no dia seguinte, antes mesmo do sol alcançar completamente as janelas da casa. O quarto estava silencioso, e Lucas ainda dormia, o corpo parcialmente coberto pelos lençóis, a respiração lenta, como um compasso que guiava a manhã. Ela observou por alguns segundos o modo como o rosto dele parecia mais leve quando dormia — e, curiosamente, ela também se sentia mais leve.
Pegou o caderno que estava na cômoda. Ele já não era apenas um recipiente de pensamentos soltos, desabafos esporádicos ou reflexões dolorosas. Agora, aquelas páginas pareciam estar tomando forma. Evelyn vinha rabiscando ideias, frases, sensações há semanas, como se estivesse lentamente preparando o terreno. Mas, naquela manhã, ela sentiu que algo mudara.
Era como se, de repente, escrever não fosse mais apenas necessário — era inevitável.
Desceu até a cozinha, preparou café, e levou sua caneca para a varanda dos fundos, onde a luz tocava as plantas com doçura. Abriu o caderno, respirou fundo e começou