A semana começou em silêncio, mas não no tipo que incomoda. Era um silêncio confortável, como um cobertor morno em manhãs frias. Evelyn e Lucas haviam, sem perceber, encontrado um ritmo próprio, como dois músicos tocando uma mesma melodia com instrumentos diferentes — às vezes desafinavam, às vezes se perdiam na partitura, mas sempre voltavam à harmonia.
Evelyn passou a ocupar a mesa da varanda com frequência. Ali, escrevia sem pressa, com a vista para as árvores que dançavam ao sabor do vento. O caderno já não era mais um lugar de fuga, mas um lar para os pensamentos que antes pareciam indomáveis. Lucas respeitava aquele tempo. Sabia que ela precisava das palavras para se entender, para se localizar no próprio mundo.
Naquela tarde, no entanto, algo mudou.
Lucas havia saído cedo para resolver questões da clínica. Evelyn aproveitou para lavar roupas, reorganizar suas coisas, e até mesmo limpar a pequena estante de livros do quarto de hóspedes. No fundo da prateleira, encontrou um envel