A chuva começou no fim da tarde, fina e constante, deixando o ar com aquele cheiro inconfundível de terra molhada e início de algo novo. Evelyn estava na cozinha quando escutou os primeiros pingos tamborilando no telhado. Sorriu, sentindo uma nostalgia quase infantil. Sempre gostara de chuva. Daquela que convida a desacelerar, a sentar perto da janela e ouvir o mundo se aquietar.
Lucas apareceu pouco depois, tirando os sapatos molhados na porta, os cabelos encharcados e um sorriso preguiçoso nos lábios.
— Pegou chuva? — ela perguntou, entregando-lhe uma toalha.
— Peguei. Mas foi bom. Eu precisava que o mundo me lavasse um pouco também.
Evelyn o observou enquanto ele enxugava os cabelos, o movimento simples que dizia tanto. Não era mais o homem blindado que conhecera anos antes, quando tudo neles era tensão e desejo guardado. Era um homem em reconstrução. E ela… estava no mesmo processo. Juntos, ali. Agora.
— Que tal um jantar simples hoje? — ela sugeriu, abrindo a geladeira. — Eu cozi