Maria Júlia deu tudo por Ronaldo, até mesmo sua própria saúde. Ao salvar o marido de um atropelamento, ela acabou pagando o preço: perdeu os movimentos das pernas e enfrentou a incerteza de um futuro sem respostas. Mas, ao invés de apoio, encontrou traição. Quando flagrou Ronaldo na cama com sua melhor amiga, ele a humilhou e a expulsou de casa, sem remorso. Determinada a recomeçar, Maria Júlia partiu para a Suíça em busca de um tratamento alternativo. Durante essa jornada, ela conheceu Ivan, um homem que a apoiou incondicionalmente enquanto ela lutava para recuperar seus movimentos. Ao lado dele, ela não só voltou a andar, mas também se tornou uma mulher poderosa e independente. Dona de um império que rivaliza com a empresa de Ronaldo, ela está prestes a reencontrá-lo — mas desta vez, em uma posição muito diferente. Quando Ronaldo, desesperado para salvar seus negócios, marca uma reunião para uma possível parceria, ele se depara com a última pessoa que esperava: sua ex-esposa. Forte, imponente e inatingível. Agora, Maria Júlia tem o destino de Ronaldo em suas mãos, e, ao lado de Ivan, ela tem a chance de viver um novo amor e escrever um novo capítulo de sua vida. O que ela escolherá? Vingança, redenção ou a oportunidade de recomeçar?
Ler maisMaria Júlia O beijo de Alec ainda queimava em meus lábios quando nos afastamos. Era como se uma chama tivesse sido acesa dentro de mim, iluminando partes que eu acreditava já estarem para sempre escuras. Meu coração batia tão forte que eu podia ouvi-lo nos meus ouvidos. Pela primeira vez em muito tempo, eu estava apaixonada… e correspondida. Alec era meu namorado. Era estranho pensar isso em voz alta, mas mais estranho ainda era como aquilo fazia tudo parecer possível. Mariana nos observava com os olhos marejados e um sorriso vitorioso no rosto, como se tivesse ganho na loteria. — Bom, missão cumprida! — ela disse, cruzando os braços. — Agora que vocês dois são oficialmente um casal, acho que tá mais do que na hora de comemorar. Alec riu, apertando minha mão suavemente sobre a mesa. — Só o fato de ela ter dito “sim” já é o maior motivo de comemoração da minha vida inteira.<
Maria Júlia O dia passou mais rápido do que eu esperava. A fisioterapia de manhã foi intensa, e depois, o café com Mariana me deixou pensativa por horas. Pela primeira vez em muito tempo, senti que alguma coisa dentro de mim estava mudando. Era sutil… mas real. Uma leveza diferente no peito, uma vontade quase esquecida de sonhar. Ainda assim, o medo não me deixava completamente. Ele sussurrava no fundo da mente, baixinho, me lembrando das vezes em que confiei e me machuquei. Das promessas quebradas. Dos “pra sempre” que duraram dias. Alec era maravilhoso. Sempre tão presente, tão atencioso. Mas e se… ele estivesse ali só por piedade? E se, em algum momento, ele acordasse e percebesse que eu era um peso? Que minha cadeira de rodas, minhas limitações, meus traumas, não valiam o esforço? Esses pensamentos me corroíam, mesmo quando eu tentava ignorá-los. No meio da tarde, enquanto eu lia no quarto
Maria JúliaAcordei com o coração batendo forte. Não era ansiedade boa, daquelas que arrepiam de leve a pele e fazem a gente sorrir no travesseiro. Era um misto de medo e expectativa, como se eu estivesse prestes a encarar algo que poderia mudar tudo… ou quebrar de vez o pouco que ainda restava dentro de mim.Hoje era dia de fisioterapia.O quarto ainda estava em penumbra, mas eu sentia o dia lá fora chamando. Sentei na cama devagar, sentindo o corpo pesar com a memória da sessão anterior — o esforço, a dor… e a pequena vitória de ter conseguido me manter de pé por alguns segundos. Isso, pra qualquer um, podia parecer pouco. Pra mim, era quase como subir uma montanha de muletas.Foi aí que Mariana apareceu no quarto, como sempre esbanjando energia que me fazia duvidar se ela era humana mesmo.— Bom dia, campeã! — disse com aquele tom animado que só ela sabia fazer soar natural. — Hoje é o dia, hein!— Todo dia é “o dia” pra
Maria JúliaO caminho de volta pra casa foi calmo, mas o silêncio dentro do carro parecia mais alto do que qualquer buzina na rua. Ele não era desconfortável… era carregado. Cheio. Denso. Como se tudo que não foi dito na pista de dança estivesse ali, entre a gente, respirando junto.Alec dirigia tranquilo, com a mão no volante e a outra apoiada perto da marcha, vez ou outra tamborilando os dedos no ritmo da música que tocava baixinho no som. Mas mesmo com aquele ar despreocupado, eu sabia que ele estava prestando atenção em cada reação minha.Eu ainda estava tentando processar o que tinha acontecido.Ele me fez dançar.Não por pena. Não por gesto de compaixão. Mas porque ele quis. Porque me olhou e viu alguém inteira. Ele me conduziu como se a cadeira fosse só um detalhe. Como se dançar fosse algo que qualquer um pudesse fazer — inclusive eu.E isso… isso me desmontou por dentro.— Você tá muito quieta — ele falou d
Maria JúliaDurante a semana inteira, Alec e eu conversamos todos os dias.E quanto mais eu falava com ele, mais difícil se tornava manter a distância segura que eu achava que ainda conseguia manter. Era como se ele fosse, aos poucos, invadindo todos os espaços em mim — com sua leveza, com seu humor, com aquela forma de olhar pra mim como se eu fosse inteira, mesmo quebrada.Depois do nosso último encontro, aquele beijo me assombrava em silêncio. Um beijo simples, mas intenso. Um beijo que ficou pairando no ar como uma promessa. Era só fechar os olhos, e eu podia senti-lo de novo: quente, macio, gentil... diferente de tudo que eu já tinha sentido.E por mais que eu dissesse a mim mesma que não podia me envolver, que não era o momento... eu sorria como uma adolescente toda vez que via o nome dele acender na tela do meu celular.Alec sempre tinha uma mensagem pronta.“Bom dia, princesa.”“Sonhou comigo?”
JulianaAcordei com a cabeça latejando e um gosto amargo na boca. O silêncio do quarto era quase tão cruel quanto o vazio da cama ao meu lado.Ronaldo não estava ali.E eu já sabia que não estaria.O sol da manhã filtrava pelas cortinas caras do hotel, dourando o quarto de luxo que havia sido montado para celebrar a nossa “lua de mel”. Um quarto onde, até agora, não houve sequer um toque, um beijo, um gesto de carinho.Só desprezo.Levantei da cama lentamente. O corpo doía como se eu tivesse sido atropelada por um trem — mas era só o peso do desprezo dele em cima de mim. Me arrastei até o banheiro e encarei o reflexo no espelho. Meu rosto estava inchado, os olhos vermelhos de tanto chorar, a boca pálida.Cadê a mulher poderosa que conquistou tudo o que queria?Cadê a mulher que lutou com unhas e dentes por esse casamento?A mulher que obrigou um homem a se ajoelhar diante dela no altar porque sabia
Último capítulo