Maria Júlia deu tudo por Ronaldo, até mesmo sua própria saúde. Ao salvar o marido de um atropelamento, ela acabou pagando o preço: perdeu os movimentos das pernas e enfrentou a incerteza de um futuro sem respostas. Mas, ao invés de apoio, encontrou traição. Quando flagrou Ronaldo na cama com sua melhor amiga, ele a humilhou e a expulsou de casa, sem remorso. Determinada a recomeçar, Maria Júlia partiu para a Suíça em busca de um tratamento alternativo. Durante essa jornada, ela conheceu Ivan, um homem que a apoiou incondicionalmente enquanto ela lutava para recuperar seus movimentos. Ao lado dele, ela não só voltou a andar, mas também se tornou uma mulher poderosa e independente. Dona de um império que rivaliza com a empresa de Ronaldo, ela está prestes a reencontrá-lo — mas desta vez, em uma posição muito diferente. Quando Ronaldo, desesperado para salvar seus negócios, marca uma reunião para uma possível parceria, ele se depara com a última pessoa que esperava: sua ex-esposa. Forte, imponente e inatingível. Agora, Maria Júlia tem o destino de Ronaldo em suas mãos, e, ao lado de Ivan, ela tem a chance de viver um novo amor e escrever um novo capítulo de sua vida. O que ela escolherá? Vingança, redenção ou a oportunidade de recomeçar?
Ler maisAlecDesde o momento em que Maria Júlia me enviou seu endereço, eu soube que queria fazer daquela noite algo especial. Havia algo nela que me prendia — talvez o jeito firme com que falava, tentando parecer no controle, mesmo com as feridas à flor da pele. Ou talvez fosse justamente essa vulnerabilidade que ela tentava esconder. Eu só sabia de uma coisa: ela merecia mais do que um jantar comum. Ela merecia respeito, cuidado... e alguém que a visse de verdade.Assim que desliguei, comecei a ligar para alguns restaurantes. Não bastava que fossem bons. Precisavam ser acolhedores e, principalmente, acessíveis. Depois de algumas ligações frustradas com lugares que sequer tinham rampa, encontrei o que procurava: um restaurante intimista, com iluminação quente, espaço entre as mesas e estrutura adaptada. Fiz a reserva para nós dois, pedi uma mesa mais reservada e garanti que tudo estaria pronto quando chegássemos.No sábado, organizei toda a minha agenda para
Maria JúliaEu estava deitada na cama, o telefone nas mãos, hesitando. Mariana havia me dito para não pensar demais, para aproveitar a chance que a vida estava me dando. Mas meu coração ainda carregava cicatrizes, e cada decisão parecia envolver muito mais do que coragem — envolvia risco. Risco de me ferir de novo.Mas eu não conseguia parar de pensar nas palavras de Alec mais cedo. Ele era diferente. Gentil sem ser forçado. Interessado sem ser invasivo. E havia uma sinceridade nos olhos dele que me deixava desconcertada... e curiosa.Puxei o ar com força, tentando reunir coragem. Eu não queria parecer insegura, mas a verdade é que eu estava. Queria saber se ele era real. Se aquele jeito dele era só educação suíça... ou se havia algo mais ali.Com um movimento rápido, peguei o cartão que ele havia me dado. Disquei o número antes que o medo me fizesse desistir.O telefone chamou uma, duas, três vezes... e então a voz dele preencheu o
Maria JúliaO sol estava tímido naquela tarde, e o ar fresco da Suíça ainda cortava levemente a pele. Eu e Mariana saímos da clínica depois da sessão, e a sensação de cansaço era grande, mas ao mesmo tempo, uma pequena chama de esperança ardia dentro de mim. A fisioterapia estava avançando, e eu estava mais forte a cada dia.— Vamos fazer uma pausa? — Mariana sugeriu, com o olhar preocupado enquanto empurrava minha cadeira.Eu acenei com a cabeça, e ela me levou até um café próximo. O lugar era aconchegante, com suas paredes de tijolos expostos e o aroma do café fresco no ar. Pedimos dois cappuccinos e nos acomodamos na mesa perto da janela.Conversamos sobre a sessão, sobre como eu estava me sentindo. O papo era leve, e eu me sentia bem ali, com Mariana, em um daqueles momentos que pareciam normais, tão distantes da minha realidade anterior.Mas então, a porta do café se abriu, e um grupo de homens entrou. Alec estava entre eles. El
Maria JúliaO vento frio da Suíça cortava minha pele enquanto eu e Mariana seguíamos pela rua. As calçadas largas e bem pavimentadas faziam com que minha cadeira deslizasse com facilidade, mas o incômodo físico do frio não era nada comparado ao turbilhão de pensamentos na minha cabeça.Alec.Por que aquele homem ainda estava na minha mente? Foi só uma conversa casual, algumas palavras trocadas por educação. Mas, por algum motivo, a forma como ele me olhou ficou gravada na minha memória.— Você tá muito calada — Mariana comentou, empurrando minha cadeira com a mesma facilidade de sempre.— Só cansada.— Sei... cansada ou pensando no Alec?Revirei os olhos.— Pelo amor de Deus, Mariana. Foi só uma conversa.— Ah, foi? Porque eu nunca vi um homem olhar assim pra você desde... — Ela parou, hesitante.Eu soube exatamente onde aquela frase terminaria. Desde Ronaldo.Senti meu estômago r
Maria JúliaSair da clínica sempre era um alívio. O cheiro de álcool e os corredores brancos me sufocavam. Cada canto daquele lugar me lembrava de dor, esforço e da luta constante para recuperar o que Ronaldo me tirou.Mariana caminhava ao meu lado, distraída com o celular, enquanto eu empurrava as rodas da minha cadeira com calma, aproveitando o vento gelado da Suíça contra o meu rosto. Ainda não estava acostumada com aquele frio, mas ao menos ele me mantinha desperta, me lembrando de que eu ainda estava viva, ainda tinha uma chance.Atravessávamos a saída da clínica quando, de repente, Mariana trombou em alguém.— Ah! Desculpa! — ela exclamou, dando um passo para trás.Levantei os olhos e vi um homem alto, de pele clara e cabelos castanhos bem alinhados. Ele usava um sobretudo escuro e um cachecol elegante, bem no estilo dos europeus. Seus olhos azuis faiscavam sob a luz do fim de tarde, e ele exibia um sorriso discreto, como se es
Maria JúliaTrês meses.Noventa dias de luta, dor e persistência.Quando cheguei à Suíça, eu não tinha esperança. Estava presa a uma cadeira de rodas, dependente de outras pessoas para tudo. Minha vida havia sido reduzida a uma série de limitações que me sufocavam. Mas aqui, nesse lugar onde ninguém me conhecia, onde eu podia recomeçar sem olhares de pena ou falsas promessas, eu decidi lutar.E foi exatamente isso que eu fiz.Meu dia começava cedo. Todas as manhãs, às sete, eu já estava na clínica de reabilitação, onde passava horas fazendo exercícios dolorosos que me faziam questionar se algum dia eu voltaria a andar. O primeiro mês foi o pior. Meu corpo parecia se recusar a obedecer, e a cada sessão eu saía de lá exausta, com lágrimas nos olhos e o corpo gritando de dor.Eu odiava depender das enfermeiras para tudo. Odiava cada olhar de compaixão. Odiava ter que encarar no espelho aquela versão fraca de mim mesma. Mas, aci
Último capítulo