Maria Júlia
Acordei com o coração batendo forte. Não era ansiedade boa, daquelas que arrepiam de leve a pele e fazem a gente sorrir no travesseiro. Era um misto de medo e expectativa, como se eu estivesse prestes a encarar algo que poderia mudar tudo… ou quebrar de vez o pouco que ainda restava dentro de mim.
Hoje era dia de fisioterapia.
O quarto ainda estava em penumbra, mas eu sentia o dia lá fora chamando. Sentei na cama devagar, sentindo o corpo pesar com a memória da sessão anterior — o esforço, a dor… e a pequena vitória de ter conseguido me manter de pé por alguns segundos. Isso, pra qualquer um, podia parecer pouco. Pra mim, era quase como subir uma montanha de muletas.
Foi aí que Mariana apareceu no quarto, como sempre esbanjando energia que me fazia duvidar se ela era humana mesmo.
— Bom dia, campeã! — disse com aquele tom animado que só ela sabia fazer soar natural. — Hoje é o dia, hein!
— Todo dia é “o dia” pra