Maria Júlia
O dia passou mais rápido do que eu esperava. A fisioterapia de manhã foi intensa, e depois, o café com Mariana me deixou pensativa por horas. Pela primeira vez em muito tempo, senti que alguma coisa dentro de mim estava mudando. Era sutil… mas real. Uma leveza diferente no peito, uma vontade quase esquecida de sonhar.
Ainda assim, o medo não me deixava completamente. Ele sussurrava no fundo da mente, baixinho, me lembrando das vezes em que confiei e me machuquei. Das promessas quebradas. Dos “pra sempre” que duraram dias.
Alec era maravilhoso. Sempre tão presente, tão atencioso. Mas e se… ele estivesse ali só por piedade? E se, em algum momento, ele acordasse e percebesse que eu era um peso? Que minha cadeira de rodas, minhas limitações, meus traumas, não valiam o esforço?
Esses pensamentos me corroíam, mesmo quando eu tentava ignorá-los.
No meio da tarde, enquanto eu lia no quarto