Juliana
Acordei com a cabeça latejando e um gosto amargo na boca. O silêncio do quarto era quase tão cruel quanto o vazio da cama ao meu lado.
Ronaldo não estava ali.
E eu já sabia que não estaria.
O sol da manhã filtrava pelas cortinas caras do hotel, dourando o quarto de luxo que havia sido montado para celebrar a nossa “lua de mel”. Um quarto onde, até agora, não houve sequer um toque, um beijo, um gesto de carinho.
Só desprezo.
Levantei da cama lentamente. O corpo doía como se eu tivesse sido atropelada por um trem — mas era só o peso do desprezo dele em cima de mim. Me arrastei até o banheiro e encarei o reflexo no espelho. Meu rosto estava inchado, os olhos vermelhos de tanto chorar, a boca pálida.
Cadê a mulher poderosa que conquistou tudo o que queria?
Cadê a mulher que lutou com unhas e dentes por esse casamento?
A mulher que obrigou um homem a se ajoelhar diante dela no altar porque sabia