No dia seguinte, acordei com meu celular vibrando sem parar. Notificações, mensagens, chamadas perdidas. A entrevista vazada com meu depoimento havia se espalhado como um incêndio pelas redes.
O nome de Henrique estava entre os assuntos mais comentados. Ao lado do meu.
Abri o Twitter e levei um segundo para entender a avalanche.
"A funcionária que teve coragem de falar. Que venham mais vozes."
"Se até agora estavam caladas, é porque sabiam que ninguém ouviria. Agora é diferente."
Mas nem todos os comentários eram assim. Alguns me chamavam de oportunista. Outros diziam que eu estava tentando destruir a carreira de um “homem de sucesso”. Havia até um vídeo manipulado de uma reunião antiga onde eu aparecia rindo de uma piada dele — como se aquilo fosse prova de consentimento.
Os advogados de Henrique haviam começado sua defesa agressiva.
“Desacreditar a vítima. Manual padrão”, pensei com amargura.
Matheus veio até mim, os olhos vermelhos de cansaço, mas a expressão bem melhor que do dia