A casa era pequena. Um sobrado com janelas azuis, escondido entre árvores e vizinhos silenciosos. O corretor falou demais, mas eu mal ouvi. Estava ocupada demais observando Matheus.
Ele andava pela sala com as mãos nos bolsos, olhando ao redor como se tentasse visualizar uma vida inteira ali dentro. Havia algo novo nos olhos dele: cuidado. Não aquela tensão de quem espera que algo exploda a qualquer momento, mas o cuidado de quem está tentando construir, tijolo por tijolo, um futuro que valha a pena.
— A sala pega sol de manhã — comentou ele, me chamando com um gesto. — Imagina aqui um sofá enorme, nossa estante cheia de livros, o berço ali no cantinho por enquanto… dá pra ver a rua, mas tem privacidade.
— E a cozinha? — perguntei, rindo.
— Tem fogão grande. Pra eu cozinhar nas terças.
— Você lembrou.
— Eu lembro de tudo que você me pede. Mesmo quando pareço distraído.
Fomos explorando cômodo por cômodo. A escada era um pouco íngreme, o banheiro precisava de reforma, mas havia um jard