Ela se levantou graciosamente dos aposentos, envolta em uma seda azul-petróleo que refletia a luz tênue da manhã como se fosse feita de água e mistério. Seus pés tocaram o chão frio de mármore, fazendo-a estremecer levemente. Ao seu redor, cortinas de linho branco dançavam com a brisa suave que vinha do jardim, trazendo consigo o aroma de jasmim e terra molhada.
A mão trêmula deslizou sobre a mesa de carvalho polido, repleta de papéis importantes, tinteiros semiabertos e uma fotografia antiga parcialmente coberta por uma carta não terminada. Seus dedos hesitantes pararam sobre o telefone de discagem, o objeto que parecia pesar toneladas naquele instante.
— Alô. Quem fala? — Sua voz escapou como um suspiro nervoso, delicada como cristal prestes a se romper. Seus olhos se fixaram na moldura da janela, onde o sol começava a acariciar as folhas com timidez.
Do outro lado, uma pausa quase calculada precedeu a resposta — um silêncio denso, que parecia conter séculos de palavras não ditas.
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