— Onde você gostaria de ir, filhinha?
A pergunta saiu suave, quase como um sussurro, enquanto Vitor deslizava os dedos pelos cabelos finos e perfumados da criança. O gesto era delicado, quase ritualístico, como se ele quisesse guardar aquele instante em sua memória para sempre. A rua estava banhada pela luz dourada do fim da manhã, e o som distante de um rádio tocando uma música antiga preenchia ainda mais o ar com nostalgia.
A menina ergueu o olhar para ele com um pequeno sorriso doce. Seus olhos, grandes e curiosos, refletiam a luz do sol como se guardassem pequenos segredos. Ela apertava contra o peito seu ursinho de pelúcia já meio gasto, com uma orelha torta e costuras remendadas com linha azul—um companheiro fiel de muitas aventuras imaginárias.
— Quero tomar sorvete, papai. — A voz saiu baixa, melódica, como uma canção tímida. Ela balançava os pés no ar, sobre o colo de Vitor, com os sapatinhos cor-de-rosa ainda desamarrados e a barra do vestido floral levemente amassada.
— Sor