O apartamento ainda estava em silêncio quando ele saiu, antes do sol nascer.
Valentina dormia profundamente na cama, o cabelo espalhado sobre o travesseiro, a respiração calma e pesada. A noite anterior ainda ecoava na mente dele — o vinho, as palavras, o peso das verdades que ela compartilhou. A maneira como ela disse que tinha medo de se apaixonar por ele.
E ele? Tinha medo de já estar perdido demais para sair.
Assim que cruzou a porta do prédio, o telefone tocou. Augusto Costa. O nome aceso na tela como uma ameaça.
Heitor atendeu sem hesitar.
— Fiquei sabendo que não voltaram pra casa ontem à noite — disse Augusto, direto.
A voz dele era baixa, polida, mas carregada de veneno.
— Houve uma possível perseguição — Heitor respondeu. — Decidi levar sua filha para um local seguro.
— E não achou necessário me avisar?
— Foi uma decisão rápida. Agi com prioridade à segurança dela.
Um silêncio pesado atravessou a linha.
— Onde estão agora?
— Já a deixei em casa. Está tudo sob controle.
— Est