Ela estacionou em frente à mansão dos Costa com o estômago revirado. Não tinha marcado hora. Não pretendia pedir licença. Desceu do carro com passos firmes, como se a pressa impedisse a hesitação. Como se não estivesse voltando ao ninho daquilo que mais a feria: o controle disfarçado de proteção.
A governanta a deixou entrar sem sequer perguntar. Todo mundo ali sabia quem ela era. Sabia também que, quando Valentina aparecia sem aviso, era porque algo tinha dado errado — ou estava prestes a explodir.
Ela encontrou Augusto Costa no escritório, como sempre. O mesmo terno escuro. O mesmo copo de uísque na mão. O celular repousava sobre a mesa, mas os olhos dele estavam fixos na tela de um notebook.
— Você podia ter me avisado — ela disse, antes mesmo de ele erguer os olhos.
— Boa noite pra você também, filha.
— Você devia ter me avisado que o Alexei está de volta.
O silêncio que se seguiu foi espesso. Augusto fechou o notebook devagar, como se cada movimento fosse calculado para demonstra