Cecília estava mais calada nos últimos dias. Enrico percebia isso sempre que passava no bar, mesmo sem dizer nada. Ela atendia os clientes com a mesma eficiência de sempre, mas o sorriso não alcançava os olhos, e as respostas para ele eram cada vez mais curtas.
Ele sabia o motivo, ainda que ela não falasse. O convite de casamento.
Sabia que aquilo mexera com ela, como se abrisse uma ferida que nunca cicatrizara por completo. Pensou em tocar no assunto mais de uma vez, mas cada vez que os olhos dela o desafiavam — ou evitavam os dele — Enrico recuava. Forçar uma conversa seria empurrá-la de volta para o muro que ele tentava, aos poucos, derrubar.
Três dias depois da última vez que a viu, Enrico apareceu no apartamento dela sem avisar. Levava algumas sacolas nas mãos, com mantimentos e algumas coisas de padaria. Tocou a campainha e esperou.
Demorou mais do que o normal, e quando a porta se abriu, Cecília o encarou com uma sobrancelha arqueada, vestida com um short velho e uma blusa