Quando Enrico desligou o carro já na garagem do prédio, ainda podia sentir o cheiro doce e sutil de Cecília dentro do veículo. Só então notou o brilho da tela no banco do passageiro: o celular dela.
Suspirou, pegando o aparelho. A tela exibia uma única notificação: “Chamada perdida — Mãe”.
Pensou em voltar. Pegar o carro, bater na porta dela e dizer algo sarcástico sobre esquecimentos. Mas já era muito tarde. Talvez ela já estivesse dormindo, talvez não fizesse diferença, talvez fosse só um celular.
Deixou o aparelho na mesa de cabeceira, ao lado da cama. Não queria pensar mais naquela noite. No beijo, no jeito como ela o olhava, como se estivesse mais confusa do que jamais admitiria. Ou em como ele mesmo se sentia — envolvido, irritado e, de algum modo, vulnerável.
Na manhã seguinte, Enrico foi acordado por um toque insistente. O celular vibrava sem parar na cabeceira. Ele virou-se, pegou o aparelho de Cecília e olhou o nome que piscava na tela.
“Mãe”, de novo.
Franziu o cenho. O ded