O cheiro adocicado do café recém-passado enchia o ar quando Cecília entrou no Café Murano. O ambiente era acolhedor, com luz suave, mesas de madeira escura e uma vitrine repleta de doces coloridos, cada um parecendo convidá-la a provar. O leve murmúrio de conversas e o tilintar das xícaras criavam uma trilha sonora quase mágica, diferente de qualquer loja ou bar onde ela já havia trabalhado.
A princípio, sentiu uma pontada de intimidação. Tudo parecia perfeito demais para ela, e o nervosismo fez seus dedos se entrelaçarem na bolsa. Mas bastou o gerente sorrir e apertar sua mão com firmeza para que um calor reconfortante subisse pelo corpo: pela primeira vez em muito tempo, alguém a tratava com respeito genuíno.
— Bom dia, Cecília. Seja bem-vinda ao Murano. Senti que seria um prazer conversar com você hoje — disse o gerente, com um sorriso que não parecia ensaiado.
— Obrigada… é realmente um lugar muito bonito — respondeu ela, ainda um pouco tímida, mas sentindo-se encorajada.
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