Alguns dias haviam se passado desde o episódio na loja, e Cecília tentava retomar uma rotina minimamente normal. Ainda assim, a presença de Enrico parecia inevitável — ele aparecia em seu apartamento com a desculpa de tomar um café ou que simplesmente estava com saudades, mas o verdadeiro motivo era outro: pressioná-la para agir contra Renato.
Naquela manhã o apartamento de Cecília estava silencioso, exceto pelo som leve do relógio na parede e o tilintar de algumas xícaras na cozinha. Enrico estava parado perto da bancada, os braços cruzados, olhando para ela com uma expressão que misturava preocupação e frustração.
— Cecília — começou ele, a voz carregada de urgência — a gente não pode simplesmente ignorar o que o Renato fez.
Ela parou o que estava fazendo, respirou fundo e se virou para ele, firme.
— Enrico… — disse, tentando não deixar a voz tremer — eu sei o que ele fez. Mas eu não quero transformar nossa vida em briga, discussão e raiva. Estamos bem demais agora para isso. Não qu