O sol já começava a descer no horizonte quando Enrico estacionou o carro diante da casa da mãe. Cecília observava a fachada elegante com o coração apertado — por mais que tentasse disfarçar, sabia que aquela visita não seria simples. O ar parecia mais denso ali, como se cada tijolo daquelas paredes guardasse expectativas que ela não tinha certeza de conseguir atender.
Olga, a mãe de Enrico, os recebeu na porta, como sempre, com um sorriso que não chegava aos olhos.
— Que surpresa boa — disse, em um tom educado demais para soar natural. — Entrem.
A sala exalava o mesmo perfume floral intenso que Cecília lembrava, uma mistura doce e sufocante que a fazia querer abrir todas as janelas. As cortinas pesadas filtravam a luz do fim de tarde, tingindo o ambiente de um dourado discreto, quase melancólico. Tudo ali era bonito, mas frio — impecável demais para parecer acolhedor.
Enrico cumprimentou a mãe com um beijo rápido na face; Cecília, com um “boa tarde” polido, tentando parecer à vontade.