O silêncio que se instalou após as palavras de Sabrina parecia pulsar por entre os talheres e taças. Cecília manteve a postura ereta, mesmo sentindo o calor subir lentamente pelo pescoço.
Enrico respirou fundo, sentindo os músculos dos ombros se contraírem sob o paletó. Conhecia bem aquele tipo de silêncio — não era de surpresa inocente, mas de avaliação cuidadosa. Antes que alguém pudesse prolongar o desconforto, ele pousou calmamente o guardanapo sobre a mesa, olhou para Sabrina e, com um sorriso controlado, falou.
— De fato, Sabrina, muita coisa mudou desde então. — A voz saiu firme, modulada, carregada de elegância e intenção. — E eu diria que… algumas mudanças foram as melhores que poderiam ter acontecido.
Houve um breve murmúrio entre os convidados. O sorriso de Sabrina se manteve, mas os olhos estreitaram sutilmente, como se buscassem novas frestas por onde atacar. Cecília sentiu o toque da mão de Enrico sobre a dela — firme, não como um gesto de posse, mas de apoio silencioso.