O céu ainda estava pálido quando Cecília desceu do ônibus e atravessou a praça rumo ao shopping. O vento frio da manhã fazia os cabelos grudarem no rosto, e ela teve que prendê-los num coque apressado antes de entrar.
Apesar do cansaço que ainda pesava nos ombros, havia um fio de orgulho em cada passo. Estava começando a se sentir parte daquele lugar — a rotina, os rostos, até o barulho constante já não a intimidavam como no primeiro dia.
Mas assim que passou pela porta de vidro da loja, percebeu algo diferente no ar.
Renato estava parado próximo ao balcão, os braços cruzados, o semblante fechado. Quando a viu, o sorriso habitual não veio.
— Cecília — chamou, com a voz baixa e firme. — Pode vir até minha sala, por favor?
Um aperto gelado nasceu no estômago dela.
— Claro — respondeu, tentando soar neutra.
Seguiu-o até a pequena sala no fundo da loja.
Ele ficou de pé por alguns segundos, encarando a prancheta que segurava. Depois suspirou e a largou sobre a mesa.
— Vou ser direto — come