O dia de folga amanheceu cinza, como se o céu estivesse incerto sobre o que queria ser — assim como Cecília.
Ela caminhava pelo apartamento em passos lentos, a xícara de café entre as mãos, tentando ignorar o peso que sentia no estômago. O convite da irmã ainda ecoava na mente desde a noite anterior.
Encontrar Laura.
Parte de si queria fugir, se esconder na segurança das paredes e da rotina previsível com Enrico. Outra parte… aquela teimosa e inquieta… pedia para ir.
Enrico estava resolvendo uma papelada em casa antes de ir para o escritório, a manga da camisa arregaçada, a atenção presa nos documentos espalhados pela mesa. Ele ergueu os olhos assim que sentiu o movimento dela.
— Vai mesmo? — perguntou, sem rodeios. A voz não era dura, mas havia um traço de cautela que Cecília conhecia bem.
— É o meu dia de folga — respondeu, tentando soar neutra.
— Eu sei. Só estou… me certificando de que você tem certeza.
Ela deu um meio sorriso, mais para si mesma do que para ele.
— Se eu não for,