InĂ­cio / Lobisomem / A filha da Alfa / đŸș✹ CapĂ­tulo 6 — A Marca do Cativeiro
đŸș✹ CapĂ­tulo 6 — A Marca do Cativeiro

O amanhecer chegou tingindo o céu de tons pålidos, mas a paz da floresta tinha sido quebrada muito antes disso. Os uivos de Viktor e seus guerreiros ecoaram por toda a mata, espalhando o cheiro de sangue e vingança no ar. Os caçadores seguiam rastros, destruindo tudo em seu caminho.

Lysandra permanecia na clareira, os braços envolvendo os joelhos, os olhos baixos enquanto o calor do corpo de Aric ainda a envolvia. Por um breve instante naquela madrugada, ela se permitira acreditar que o mundo poderia ser diferente. Que podia haver liberdade. Que podia haver amor.

Mas ambos sabiam que o preço viria.

Aric se agachou diante dela, tocando seu rosto com suavidade.

— Eles virĂŁo por vocĂȘ, Lysandra. NĂŁo posso protegĂȘ-la de todos, nĂŁo esta noite.

Ela ergueu os olhos para ele, o coração apertado.

— Eu nĂŁo me importo. Se for para viver acorrentada, prefiro morrer aqui, com vocĂȘ.

Aric a beijou de leve, um gosto agridoce de desespero e ternura.

— Eu vou lutar por vocĂȘ. Mas agora, vocĂȘ precisa correr.

Antes que pudesse responder, um som de galhos rompendo-se e passos apressados os alertou.

Foi entĂŁo que Helena surgiu, os olhos ardendo de fĂșria e medo, acompanhada por dois guerreiros da matilha. Um olhar sĂł bastou para que a dor atravessasse Lysandra como uma lança.

— Mãe


— Cale-se! — gritou Helena, e num movimento ágil, lançou uma corrente de prata sobre o pescoço da filha.

O contato queimou a pele de Lysandra, que urrou de dor, caindo de joelhos.

Aric avançou, em forma humana, os olhos dourados cintilando.

— Não toque nela!

Um dos guerreiros sacou a lança, mas antes que pudesse atacar, Aric se transformou num lobo gigantesco, avançando sobre o homem com uma força brutal. Os dois rolaram pela clareira, sangue e pelos se misturando ao solo encharcado.

Helena se aproximou de Lysandra, os olhos marejados, mas duros.

— VocĂȘ nos desonrou. Traiu sua matilha
 e a mim.

Lysandra tentava lutar contra a corrente, mas a prata drenava suas forças.

— Mãe
 eu só queria ser livre.

Helena tocou o rosto dela com a ponta dos dedos, a expressĂŁo amarga.

— Liberdade, minha filha, Ă© um luxo que nĂłs, filhas de alfas, nunca tivemos.

Um segundo guerreiro golpeou Aric com uma lança de prata, fazendo-o recuar, ferido, mas não abatido.

Os olhos dele se encontraram com os de Lysandra pela Ășltima vez naquela madrugada. E neles havia uma promessa silenciosa.

"Eu vou te encontrar."

Helena deu ordem aos homens:

— Levem-na. Para o cativeiro.

Lysandra gritou, mas a corrente apertou, e logo desmaiou.

Quando os olhos se abriram novamente, estava em uma cĂąmara subterrĂąnea da aldeia. As paredes de pedra Ășmida e o cheiro de terra abafada denunciavam o cĂĄrcere. No tornozelo, uma argola de ferro, presa por uma corrente curta.

A Ășnica luz vinha de uma pequena abertura no alto.

Lysandra tentou se levantar, mas o corpo doĂ­a, e a prata queimada em sua pele ainda ardia.

As lågrimas brotaram, e ela encostou a cabeça na parede fria.

Foi entĂŁo que ouviu o som de um uivo distante. Aric. A voz selvagem dele cruzando a noite.

Lysandra sorriu, mesmo com a dor.

Ela sabia.

Aquela histĂłria ainda nĂŁo tinha acabado.

E quando a lua voltasse a subir, eles iriam se reencontrar — nem que precisassem derramar o cĂ©u e a terra para isso.

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