O brilho avermelhado da lua persistiu no céu como uma ferida aberta, e mesmo os mais velhos não se lembravam de um fenômeno assim. Os anciãos diziam que o vermelho lunar era sinal de que os véus entre os mundos estavam afinando. As histórias, antes temidas apenas em contos ao redor da fogueira, agora ecoavam com o peso da realidade.
Lysandra desceu do altar com o coração acelerado. Algo estava mudando. Algo profundo, antigo, e perigosamente próximo.
Ela mal teve tempo de chegar à aldeia quando Helena a encontrou, o rosto pálido.
— Você viu? — perguntou a curandeira, a voz tensa.
— Eu estava no altar. Ela respondeu — disse Lysandra, com os olhos fixos no céu rubro.
— Temos que agir rápido. As raízes estão doentes.
— Como assim?
Helena puxou-a pela mão e a levou até a clareira do antigo bosque, onde cresciam as árvores mais velhas da região — aquelas que, segundo os registros, haviam sido plantadas pelas primeiras matilhas.
A casca das árvores estava rachando, e a seiva escorria negra c