O ambiente tinha um ar silencioso, quase contemplativo, até que a voz de Samara rompeu a calmaria.
Ela, com o coração em turbilhão, havia decidido perguntar o que tantas vezes lhe corroía a mente.
— Posso lhes fazer uma pergunta? — disse, olhando em volta.
As concubinas entreolharam-se, como se aquela ousadia fosse ao mesmo tempo proibida e excitante. Ninguém costumava questioná-las; ninguém ousava falar daquilo que era velado. Samara, no entanto, vinda de um mundo distante, não tinha medo de transgredir o silêncio.
— Pergunte, estrangeira — respondeu Kali, a etíope de olhar misterioso e postura altiva.
Samara respirou fundo.
— Por que vocês não têm filhos?
A pergunta ecoou como uma pedra lançada em um lago calmo. Houve um silêncio profundo, seguido de olhares discretos, quase cúmplices, entre as mulheres.
Foi Kali quem quebrou a barreira.
— Não podemos engravidar. O sheik cuida disso, dá-nos anticoncepcionais. Ele precisa de uma esposa para ter filhos com ela... Concubinas não dão fi