67. Entre o que se diz e o que se cala
— Você enlouqueceu. — A voz de Isabela cortou o ar, fria e afiada como o cristal da taça que ela segurava. — Colocar uma modelo para administrar uma parte da Emberlain Group? Dante, o conselho vai cair em cima de você.
Ele não respondeu de imediato. Estava de pé, diante da janela panorâmica do escritório, observando a cidade engolida pelas luzes noturnas.
As mãos no bolso, o olhar perdido em algum ponto distante.
— Não é apenas uma modelo. — disse, por fim. — Ela conhece a Rabbit como poucos. O público, o discurso da marca, o impacto das campanhas. O Santi confia nela. E eu também.
Isabela riu, sem humor. — “Confia”? Você nunca confiou em ninguém que não tivesse seu sobrenome. O que ela tem de especial?
Dante desviou o olhar da janela, encarando a irmã. — Ela entende o que significa construir algo do nada. Perder tudo e ainda assim se manter de pé.
— Isso não é currículo, é empatia. — Isabela rebateu, cruzando os braços. — E não combina com o Dante que eu conheço.
Ele se aproximou da