O despertar não veio suave. Veio em flashes.
O roçar quente da toalha contra o corpo dele. A gota que desceu lenta pelo abdômen, até sumir dentro do tecido. O olhar firme que quase me despiu inteira quando ele vestiu a camisa de ursinho, contrariado e debochado, só para me provar que podia transformar qualquer coisa em uma arma contra mim. Suspirei fundo, empurrando os lençóis para o lado. Já passava do meio-dia. O apartamento improvisado cheirava a café velho e pizza fria, lembrança da tarde preguiçosa e… da noite tensa. Dante já não estava. Era melhor assim. Era. Ou, pelo menos, era o que eu repetia como mantra. Peguei uma calça jeans surrada e uma camiseta básica, amarrei o cabelo num coque desleixado e segui para o hospital. O corredor branco refletia um silêncio quase pesado demais. Empurrei a porta devagar e encontrei meu pai sentado na cama, erguido contra os travesseiros. O rosto ainda