O silêncio da madrugada na casa de Dante era quase cruel. O relógio digital na mesinha ao lado da cama marcava 2h47, e o tic-tac imaginário que ecoava na minha mente me impedia de mergulhar no sono. Eu me remexia entre os lençóis macios, ainda com a camisa dele grudada no corpo, inalando aquele cheiro amadeirado que me confundia mais do que deveria.
Fechei os olhos, mas cada vez que o fazia, a cena com Vescari voltava em flashes, misturada ao beijo brutal de Dante no carro. O peito ardia. Eu não sabia se queria gritar ou me render àquele sentimento proibido que me engolia inteira. Foi quando o celular vibrou embaixo do travesseiro. O som abafado me fez sobressaltar. — Alô? — atendi num sussurro, a voz ainda embargada. Do outro lado, a enfermeira do hospital: — Senhorita Ágatha? Seu pai… ele acordou. Meu coração quase parou. — O quê? — a voz saiu trêmula, quase sem ar. — Como assi