A carta de Amélia repousava sobre a mesa de madeira como um artefato sagrado — um pedaço de passado que finalmente encontrara seu caminho até o presente. Theo ainda não havia conseguido ler tudo em voz alta. A emoção lhe travava a garganta em intervalos irregulares, e Eleanor permanecia ao seu lado, silenciosa, respeitando os espaços que ele precisava para processar.
Halley os deixara sozinhos, recolhendo-se discretamente ao quarto nos fundos. A noite descia sobre Oakmere, e o interior do chalé parecia um casulo de sombras e calor brando. A luz fraca do abajur desenhava contornos suaves ao redor da carta, e o vento lá fora sussurrava pelas frestas, como se até a natureza quisesse ouvir.
Theo passou os dedos sobre o papel uma última vez antes de continuar:
"James, meu menino… não sei onde você está. Nem se ainda está vivo. Mas escrevo como quem planta uma esperança numa terra ressequida. Eu senti você, mesmo quando me disseram que era imaginação. Eu ouvi seu choro. E aquilo ficou em mi