Nos dias que se seguiram à visitas que fizeram, e à descoberta da ausência da autópsia nos registros oficiais, Eleanor e Theo mergulharam ainda mais fundo no passado. A rotina se tornou silenciosamente cúmplice: refeições simples, papéis espalhados pela mesa da cozinha, anotações feitas à mão. Um quebra-cabeça de décadas que, pouco a pouco, começava a mostrar contornos inquietantes.
Theo passava horas no antigo escritório do pai — um cômodo que ele evitava, mas que agora se tornara essencial. Era lá que estavam guardadas caixas de arquivos, pastas, cadernos e recortes de jornal. Tudo o que Edgar Ravenscroft não jogara fora. Tudo o que ele escolhera manter.
Eleanor, por sua vez, mantinha o olhar atento para as brechas. Começou a listar datas, cruzar nomes, ligar pontos que antes pareciam soltos. Havia algo, ela sentia. Um padrão. Uma conexão ainda invisível entre a noite do desaparecimento de Amélia e a morte do menino.
— Olha isso — disse ela uma tarde, estendendo um envelope amarelad