A neblina começava a se dissipar quando Eleanor e Theo deixaram a estrada sinuosa e adentraram Penhurst. O vilarejo tinha o mesmo ar silencioso de sempre, como se cada casa escondesse mais do que revelava. Era a segunda vez que visitavam Harold Finlay, o ex-policial que, anos atrás, ousara fazer perguntas demais e acabara forçado a se aposentar.
Não tinham marcado hora. Mas sabiam que ele os receberia.
A casa de Harold parecia mais escura daquela vez, menos acolhedora. Ainda assim, ele abriu a porta quase imediatamente, como se já os esperasse.
— Entrem — disse, sem rodeios. — Estão indo fundo demais, não é?
Theo trocou um olhar com Eleanor. Nenhum dos dois respondeu. Apenas o seguiram até a sala pequena, forrada com livros, pastas antigas e lembranças de um tempo em que ele ainda acreditava que a verdade podia vencer.
— Imagino que não tenham vindo tomar chá — comentou Harold, sentando-se pesadamente em sua poltrona. Seus olhos, embora cansados, mantinham o brilho agudo de quem enxer