A tarde parecia se arrastar dentro da casa, como se o tempo tivesse decidido mover-se em marcha lenta. Eleanor não conseguia tirar os olhos da fotografia — a silhueta de um homem ao fundo, parcialmente desfocada, mas com uma presença que parecia gritar mesmo no silêncio da imagem.
Aquilo não era coincidência.
Segurou a fotografia entre os dedos e decidiu sair. O casaco estava no cabide do hall, ainda úmido da manhã anterior, mas o vento tinha amenizado, e o caminho pela trilha até a antiga propriedade dos Ravenscroft era curto.
Ao chegar, hesitou por um momento diante do portão de ferro. A pintura descascada deixava o metal exposto, enferrujado nas bordas, como cicatrizes antigas. Empurrou-o devagar. Ele rangeu com um som arrastado, cortando o silêncio do fim de tarde.
Não precisou bater à porta.
Theo estava no jardim lateral, com as mangas arregaçadas até os cotovelos e um balde de tinta ao lado. Pintava uma das janelas com movimentos metódicos, a testa franzida, como se o trabalho s