A chuva caiu durante toda a noite, tamborilando contra os vidros como se a casa respirasse através deles. Eleanor tentou dormir, mas o sono vinha em fragmentos — entrecortado por sonhos indistintos, sons da madeira estalando e a voz de Beatrice repetindo aquela frase como um eco persistente:
“As casas antigas guardam mais do que memórias.”
Pela manhã, o céu ainda estava cinzento, mas a chuva havia cessado. Eleanor vestiu uma blusa de lã e desceu as escadas com passos cautelosos. A casa parecia diferente. Não mais acolhedora, mas em suspenso, como se esperasse algo.
Passou pela sala e seguiu em direção ao corredor do andar térreo. Ali havia uma porta que sempre lhe chamara atenção. Tinha uma tranca de ferro antiga e uma fechadura que, até então, ela não havia tentado abrir. Nunca estivera trancada, mas também nunca parecia querer ser aberta.
Hoje, porém, havia algo nela. Um chamado sutil, quase imperceptível, como um puxar de corda invisível.
Girou o trinco.
A porta cedeu com um rangid