O céu estava carregado naquela manhã, nuvens densas cobrindo o vilarejo como um manto pesado prestes a se desfazer em chuva. Eleanor observava a copa das árvores balançarem ao vento quando ouviu três batidas secas na porta da frente.
Não esperava ninguém.
Ao abrir, deparou-se com uma mulher de expressão severa, cabelos brancos presos num coque apertado, olhos miúdos e vigilantes, como se examinassem tudo ao redor em busca de falhas. Vestia um casaco cinza abotoado até o pescoço, e segurava uma sacola de pano com o nome do mercado local bordado em letras vermelhas.
— Hartwood? — perguntou, como se quisesse confirmar a identidade dela antes de prosseguir.
Eleanor assentiu, surpresa.
— Sou Eleanor. Posso ajudar?
— Você é a sobrinha de Vivienne Hartwood.
— Sim… sou eu.
A mulher a olhou por um longo instante, o olhar oscilando entre julgamento e algo próximo de curiosidade amarga.
— Eu sou Beatrice Holloway. Era amiga da sua tia.
“Amiga” parecia uma palavra imprecisa.
— Ela nunca me falou